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"Porque se vangloriará o Homem de possuir uma sensabilidade superior à aparentada pelos irracionais?"
Inseri este livro numa série de projetos. Foi o escolhido para o Clube dos Clássicos Vivos, para ler em Março e Abril. Comecei a lê-lo em Março, no âmbito do Março Feminino. Faz parte da lista do projeto 101 Livros de Fantasia e Ficção Científica. Por fim, em Abril, inseri-o no meu projeto Livros no Ecrã.
Foi publicado em 1818, pela escritora, dramaturga, biógrafa e ensaísta Mary Shelley, e completa agora duzentos anos. Nascida em Londres em 1797, Mary Shelley ficou conhecida exatamente por este seu romance, Frankenstein ou O Moderno Prometeu. Filha de um filósofo e de uma das fundadoras do feminismo, Shelley acabou por falecer aos 53 anos, em 1851, do que se suspeita ter sido um tumor cerebral.
Considerada a primeira obra de ficção científica da história, Frankenstein foi inicialmente criado como um conto, depois de várias horas de conversa à lareira, onde quatro amigos combinaram escrever um conto fantástico cada um. Mary Shelley foi a única que concluiu o seu conto, tendo este sido posteriormente tornado num romance.
Contrariamente ao que é normalmente assumido, o mostro que encontramos neste livro não lhe dá o título, aliás a este em sequer lhe é dado qualquer nome.
Este livro relata a história de Victor Frankenstein, um jovem curioso com um desejo ansioso de aprender, estudante de filosofia natural. Frankenstein sonha alto e deseja conseguir criar aquilo que ainda ninguém teve coragem de criar.
Gostei bastante deste livro, apesar de ter adiado a sua leitura com medo que se tornasse aborrecido. Começa por ser contada uma história através de uma série de cartas, mas nunca o considerei chato, queria sempre continuar a ler mais.
É um romance atual, que nos mostra que até a ciência tem certos limites que não devem ser ultrapassados. Estes limites do conhecimento, a necessidade que o Homem tem de se libertar das correntes da ignorância, os testes e experiências que nem sempre correm bem, a solidão e as formas de lidar com o fracasso são os principais temas que Shelley abordou na sua obra.
"Acredita-me Frankenstein, eu era bom, a minha alma transbordava amor e humanidade. Mas não estou só, desgraçadamente só?"
Sobre a adaptação
Vi o filme de 1994, li em vários sítios que é o mais fiel ao livro. Dirigido por Kenneth Branagh e estrelado pelo próprio Branagh, juntamente com atores como Helen Bonham Carter e Robert de Niro nos papéis principais.
Apesar de considerado o mais fiel ao livro, as diferenças ainda são algumas e enormes. No entanto, a alma do livro está lá, o filme capta muito bem a sua essência.
O início é bastante aborrecido e demora até chegar "ao que interessa". Minutos a mais desperdiçados no que nem conta assim tanto para a história e poderia ter passado mais depressa. Dá a sensação de ser muito pouco real para que possa ser levado a sério.
É o filme de um homem ambicioso que tinha uma grande obsessão. O processo de criação do monstro é muito mais explorado no filme, no livro não temos grande informação quanto a este aspeto.
As cenas que gostei mais foram aquelas onde entrava o monstro, Robert de Niro fez um bom trabalho.
Apesar de ser um filme de horror, não o vejam a pensar em sustos e momentos de grande suspense. Tem os seus elementos de horror, mas é muito mais dramático que outra coisa.
Agatha Christie é uma autora que dispensa apresentações. Com mais de oitenta livros publicados, a escritora destacou-se bastante no romance policial, acabando por ser apelidada de "A Rainha do Crime".
Já li alguns livros dela e espero ler ainda mais. Este, embora não seja o melhor que já li, é muito bom. Curiosamente, é o primeiro livro que leio com as personagens Hercule Poirot e o seu companheiro Arthur Hastings.
Uma jovem mulher, propietária da extravagante casa do fundo, quase morre tragicamente várias vezes seguidas.
A Poirot nada lhe escapa e, apesar de mademoiselle Nick Buckley estar convicta de que se tratam apenas de acidentes, Hercule Poirot sabe que é algo mais. Alguém a está a tentar matar. O motivo não sabemos, Nick parece não ter amigos. Poirot e Hastings vão tentar protegê-la a todo o custo, enquanto procuram pelo suposto assassino.
Como sempre, atirei para todo o lado e falhei cada tiro. O que descobrimos no final não é nada do que esperava. Com a Agatha Christie é sempre assim.
O livro lê-se muito bem, e o querer saber o que vai acontecer leva-nos a ler ainda mais.
Poirot é uma personagem peculiar, extremamente extravagante e nada modesto. As suas células cinzentas são o seu trunfo e usa-as como resposta para tudo.
Hastngs é mais humano e, como nós leitores, também não acerta uma. É ele o narrador da história e, apesar dos seus tiros ao lado, ajuda Poirot a tirar as suas variadas conclusões.
Louisa May Alcott foi uma escritora norte-americana, que se inspirou em muitas das suas experiências pessoais para escrever os seus romances de, principalmente, literatura juvenil.
Em Mulherzinhas, pensa-se que a sua pequena personagem Jo foi baseada em si própria.
Este era um clássico juvenil no qual tinha interesse há já algum tempo. Não sabia nada da história, nunca tinha lido nem visto nada sobre este romance que tantas adaptações teve.
Traz-nos a história de quatro irmãs: Meg, Jo, Beth e Amy; numa época difícil das suas vidas, após verem o pai partir para a guerra civil americana.
Cada capítulo nos conta uma das peripécias destas irmãs, que não são perfeitas e que ainda estão a crescer. Cada uma é diferente das outras e cada uma tem os seus defeitos. À medida que crescem, vão aprendendo e ensinando ao leitor diversas lições de moral e atitude.
É um livro simples, com uma escrita acessível a qualquer um e com um bom ritmo de leitura, sem partes chatas ou aborrecidas.
Tenho muita pena de não ter lido este livro durante a minha adolescência. São várias as mensagens importantes passadas, sejam de amor, amizade ou cumplicidade.
A minha personagem preferida é sem qualquer dúvida a Jo.
O final é um pouco abrupto, de certo muito mais nos será contado na sua continuação, em Boas Esposas.
Deixo-vos alguns dos excertos que mais gostei.
"Gosto de palavras fortes e com significado."
"Há muitas Beths neste mundo, tímidas e sossegadas os seus cantos à espera que alguém precise delas e as chame, a viver tão alegremente em prol dos outros que ninguém se apercebe dos sacrifícios que fazem até que, um dia, o pequeno grilo deixa de cantar e a sua presença doce e radiante desaparece, deixando para trás apenas sombras e silêncio."
"Nunca desistas de tentar e nunca acredites que é impossível vencer os teus defeitos."
"O dinheiro é útil e precioso, e quando devidamente utilizado até é nobre, mas não quero que pensem que é o principal, u o único, prémio pelo qual se deve lutar. Prefiro vê-las casadas com homens pobres, mas amadas, felizes e satisfeitas, do que rainhas nos seus tronos, mas sem paz ou amor-próprio."
A Gorda é o primeiro romance de Isabel Figueiredo. Ganhou em 2017, com este livro, o Prémio Literário Urbano Tavares Rodrigues.
Nascida em Lourenço Marques, Moçambique, atual Maputo, rumou a Portugal aquando da independência do seu país, em 1975, integrando o grupo de retornados do país. É professora de Português.
Disse nesta entrevista que fez uma gastrectomia há alguns anos. Que vestia o 54 e só conseguia encontrar roupa que lhe servisse na C&A. Teve um namorado que acabou a relação porque o seu "aspeto não era adequado". Teve um amor fortíssimo que a rejeitou devido à aparência, deixando-a psicologicamente afetada.
Neste livro, a autora começa por nos dizer que "Todas as personagens, geografias e situações descritas nesta narrativa são mera ficção e pura realidade".
Poderemos assumir que se trata de um livro autobiográfico?
Deparamo-nos com três excertos antes de começar a narrativa. As vozes de Mary Shelley, Javier Cercas e Henry David Thoreau trazem-nos frases de solidão e falta de amor.
Conhecemos Maria Luísa. Vive na Cova da Piedade, em Almada. Filha de pais retornados. Estuda Letras e Filosofia e apaixona-se loucamente. Maria Luísa é a gorda, mas é também uma mulher feita de fibra.
Este livro reflete os sentimentos e frustrações de uma mulher que não quer saber o que pensam da comida, quer é comer. Reflete a sociedade onde vivemos, que coloca as pessoas por categorias e as rotula.
A temática é pesada e contada do ponto de vista de quem sofre com ela, tornando o livro um tanto ou quanto depressivo. A escrita é simples e sem meias medidas.
Gostava que a personagem principal estivesse melhor construída. Algumas falhas não me deixaram compreendê-la completamente. Queria saber mais sobre ela, entender o motivo de certas decisões.
Talvez seja mesmo a história de Isabela Figueiredo ou talvez não. É certamente a história de muitas mulheres. Infelizmente. Continuará a ser, enquanto existirem pessoas que não aceitam os outros como são, que os excluem e lhes põem um rótulo na testa.
Margaret Atwood é uma escritora canadense reconhecida com vários prémios literários. A História de uma Serva, The Handmaid's Tale no original, recebeu o prémio Arthur C. Clarke Award em 1987, dois anos após o seu lançamento. Foi ainda nomeado para outros dois prémios de ficção científica. Apesar disso, a autora não considera este um livro de ficção científica, mas de ficção especulativa, uma vez que a ficção científica é algo que ainda não pode acontecer.
Este livro retrata um mundo distópico onde as mulheres são categorizadas, sendo as férteis chamadas Servas. O seu trabalho é conceber filhos para os Comandantes e as Esposas inférteis daquele país. Gileade é o nome deste nome país, situado na antiga América, conquistado por extremistas cristãos da direita.
Traz consigo um teor muito político, onde as mulheres e os homens ocupam posições muito distantes. As mulheres voltam a ser muito controladas, sendo-lhes restringidas várias coisas que antes tinham como certas. Não podem ter acesso a nada que lhes estimule o pensamento. De que outra forma aceitariam sem questionar a sorte que lhes calhou?
"Vivíamos, como de costume, ignorando. Ignorar não é o mesmo que ignorância, exige esforço da nossa parte."
"Passado o primeiro choque, depois de uma pessoa começar a aceitar, o melhor era deixar-se ficar letárgica. Podíamos dizer que estávamos a poupar forças."
A história é contada pela voz de Defred, uma Serva que tal como os seus direitos perdeu também o seu nome e identidade, que nos transmite todos os seus pensamentos, ideias e angústias. Como todas as Servas, veste de vermelho para ser facilmente identificada e usa uma touca branca com abas que lhe restringe muito o campo de visão.
"Caminhamos, sedadas. O sol está descoberto, há tufos de nuvens brancas no céu, do tipo que lembra ovelhas sem cabeça. Por causa das nossas abas, dos nossos antolhos, é difícil olhar para cima, é difícil conseguir uma visão completa do céu, seja do que for. Mas podemos fazê-lo, um pouco de cada vez, um movimento rápido da cabeça, para cima e para baixo, para o lado e para trás. Aprendemos a olhar para o mundo em arquejos."
A escrita da autora é cuidada e com muita atenção ao detalhe. Salta várias vezes entre o presente e o passado. Passam vários capítulos até começarmos a compreender como foi possível chegar a este ponto.
Quando terminamos a leitura, não encontramos um final fechado. São deixadas muitas pontas soltas num final mais aberto do que estava à espera.
Recentemente, comecei a assistir à série. As diferenças são muitas e enormes. Pegaram na ideia e criaram uma série a partir dela. Vão aparecendo vários episódios do livro, e foram acrescentando mais. Mas estou quase a terminar a primeira temporada e a gostar!
O Março Feminino é um projeto da Sandra, do blog Say Hello to My Books, que consiste em ler só livros escritos por mulheres durante o mês de Março. Vou participar e para isso escolhi cinco livros de cinco autoras diferentes para me acompanharem durante este mês.
Um livro que está em minha casa à menos de um mês e que, em príncipio, será o primeiro que vou ler. A História de uma Serva, de Margaret Atwood. Penso que vou gostar e que vai ser uma excelente leitura.
De uma escritora portuguesa, Isabela Figueiredo, vou ler A Gorda. Comprei-o no final de 2016 e chegou finalmente a altura de lhe pegar. Também espero gostar.
Da rainha do Crime, Agatha Christie, vou ler Perigo na Casa do Fundo. Vai contar para o projeto 365 dias com Poirot e Marple, criado pela Sofia do blog The Daily Miacis.
Recebido no ano passado de um sorteio do Clube dos Clássicos Vivos, vou ler Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. Tenho muita curiosidade, e espero que o facto de já não ser adolescente não me impeça de gostar deste livro.
Por fim, o clássico escolhido para o Clube dos Clássicos Vivos. Frankenstein, de Mary Shelley. Não tenho qualquer espetativa, sei que é um romance com teores góticos e, claro, sei da criação do monstro de Frankenstein. Espero gostar.
E vocês, o que vão ler?
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