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Ernest Hemingway foi um escritor norte-americano. Ganhou o prémio Pulitzer de Ficção em 1953 e o Nobel da Literatura em 1954. Viveu de 1899 a 1961, altura em que acabou por cometer suicídio.
Escrito em Cuba, O Velho e o Mar foi uma das últimas obras do escritor publicadas em vida e é provavelmente a mais conhecida.
Conta a história do velho Santiago, um pescador que atravessa uma maré de azar, estando há 85 dias sem encontrar um único peixe. Com a ajuda de um jovem amigo, nunca desiste e continua a levantar-se cedo para ir para o mar.
É o segundo livro que leio do escritor, li no ano passado Paris é uma Festa. Tal como o primeiro, este voltou a não me conquistar completamente.
A escrita é simples e sem floreados, lê-se bem.
Compreendo a mensagem transmitida e a intensão de mostrar as capacidades do homem para atravessar as diversas fases da vida.
No entanto, tive a sensação que a leitura não evoluía, as páginas passavam e as palavras eram as mesmas. No final, não fiquei satisfeita. Faltou qualquer coisa.
"- Mas o homem não foi feito para a derrota - disse. - Um homem pode ser destruído, mas não derrotado."
Charlotte Brontë foi uma escritora e poetisa inglesa, a mais velha das irmãs Brontë. Publicou Jane Eyre sob o pseudónimo Currer Bell em 1847. Frequentou uma escola de filhas do clero em Cowan Bridge e descreveu-a em detalhe neste romance autobiográfico, disfarçada com o nome Lowood School.
Jane Eyre é órfã e em pequena foi deixada ao cuidado de uma tia por afinidade, que não lhe tem afeto. Neste livro, é contada a história de Jane, na primeira pessoa, desde a infância até à vida adulta. Nunca teve uma vida fácil e para conseguir chegar onde chegou teve de lutar contra a pobreza, sempre sozinha e com um temperamento considerado a causa de tudo o que lhe acontece.
Não se considera inferior nem superior a ninguém, só por ser pobre, mulher ou pessoa com menos conhecimentos do mundo. Para ela todos são iguais, pois a igualdade reside no espírito e na alma, e ela exige ser tratada de acordo com aquilo que defende.
" – Não me parece, senhor, que o mero facto de ser mais velho que eu ou de conhecer melhor o mundo que eu lhe dê o direito de me dar ordens."
Na altura da sua primeira publicação, atraiu a atenção do público e dividiu a crítica devido ao carácter impresso na personagem principal, uma mulher que, embora se reja pelo que era considerado normal nas mulheres daquela época, deixa transparecer uma declaração de independência e emancipação da mulher muito fortes.
"Espera-se que, em geral, as mulheres sejam calmas, mas a verdade é que as mulheres sentem na mesma medida dos homens; a exemplo dos seus irmãos, elas necessitam de exercitar as suas faculdades e duma actividade em que se empenhar; tal qual como os homens, sofrem com restrições demasiado rígidas, com estagnação excessiva; e é uma prova de estreiteza de vistas da parte dos seus semelhantes mais privilegiados afirmar que elas se deviam contentar em fazer pudins e em tricotar meias, em tocar piano e em bordar sacos. É uma falta de consideração condená-las ou ridicularizá-las quando se empenham em fazer mais ou em aprender mais que aquilo que os costumes decretaram ser necessário para o seu sexo."
Fiquei encantada desde as primeiras páginas, tanto que de cada vez que decidia ler só um capítulo, dava por mim perdida na história durante muito mais tempo. Adorei a personagem Jane Eyre, o facto de a história ser contada sob a sua perspetiva une-nos de forma mais estreita a ela, levando-nos a simpatizar desde o início.
A crítica à sociedade da época é também muito pronunciada, vemos as diferenças entre ricos e pobres e distinguimos os poderosos dos pouco influentes.
A religião também está presente em vários excertos do livro, o que neste caso não foi uma coisa má. Não me considero religiosa nem partilho a fé das personagens desta trama, mas estes excertos chegam a ser inspiradores.
A cultura literária também é palpável, vários excertos de obras de outros autores podem ser encontrados ao longo do livro.
A escrita é simples e cativante, o enredo e as personagens são bem construídas.
Depois de ler o livro, vi o filme de 2011 dirigido por Cary Fukunaga. Apesar dos cortes normais que são feitos nas adaptações, achei-o bastante fiel ao livro. Neste caso, foram comprimidas 594 páginas em cerca duas horas de filme.
Michael Fassbender foi o ator que protagonizou Edward Rochester, e apesar do seu muito bom trabalho, levou a que a personagem ficasse diferente da do livro, onde é descrito como um homem feio mas com mais genica.
A atriz Mia Wasikowska representou muito bem o seu papel de Jane Eyre, embora também não se possa dizer que seja feia como no livro.
O início do filme foi feito "in media res", ou seja, começou a meio da trama e foi alternando entre este presente e o passado. As cenas foram trabalhadas ao pormenor e com detalhe.
O final também não é igual, faltam as últimas páginas do livro, embora seja fácil para o espetador imaginar aquilo que falta.
Stendhal é um pseudónimo de Henri-Marie Beyle, que escreveu no século XIX sob a capa de vários outros e que publicou apenas um livro com o seu nome verdadeiro. Louis Alexandre Bombet ou Anastasius Serpière são alguns dos pseudónimos que utilizou antes de Stendhal.
Este livro passa-se em França, no período da Restauração antes da Revolução de 1830, e traz-nos a história de Julien Sorel. O nosso protagonista é um jovem inteligente e ambicioso, nascido em Verrières no ceio de uma família pobre. Filho de um carpinteiro e desprezado por estes e pelos seus irmãos devido à sua tendência para os livros, a paixão por Napoleão Bonaparte, e falta de jeito nos trabalhos árduos.
"Nada podia ser mais antipático ao velho Sorel; talvez tivesse perdoado a Julien a sua compleição franzina, pouco adequada aos trabalhos que exigem força e tão diferente da corpulência dos filhos mais velhos; mas aquela mania de ler era-lhe odiosa, tanto mais que ele próprio não sabia ler."
Apesar destes fatores, ele tem no entanto pretensões de subir na vida. Ele sonha integrar-se na alta sociedade e tenta-o de duas formas; através do serviço a casas de famílias importantes e através da sua entrada no seminário. Apesar de deixar o seu rasto por onde passa e conquistar jovens em qualquer lado, ele não se contenta com as raparigas que servem a mesma família que ele. Pensa mais alto e quer a atenção da senhora para quem trabalha. Será que consegue? Será que sobe realmente na vida? E a que custo? São questões que vamos vendo respondidas ao longo da narrativa.
O ritmo de leitura começa por ser bastante rápido e fluido, queremos saber sempre o que Julien fará de seguida. No entanto, começou a tornar-se aborrecido antes de chegar a meio e comecei a deixá-lo de lado. As descrições são imensas e a ação cai drasticamente. Mais perto do fim voltou ao ritmo inicial.
Senti falta de algumas notas de tradução na minha edição, sei por certo que várias referências me passaram ao lado.
O nome que o autor escolheu para o livro não foi completamente compreendido. A maioria pensa que o negro é a cor da batina e representa o clero. Quanto ao vermelho, muitos pensam ser a cor dos antigos uniformes militares franceses; outros pensam ser a cor da paixão que move o nosso protagonista.
Julien Sorel é sem dúvida uma grande personagem e o melhor do livro. É extremamente bem construído e cheio de camadas que descobrimos a cada nova peripécia. Talento e ambição natos, recorrendo a tanta hipocrisia sobre uns e enganando tantos outros.
A escrita do autor é primorosa. Neste livro, é um narrador presente que quase se torna numa personagem, comentado os acontecimentos à medida que estes se vão desenrolando. Conseguiu contruir um personagem extremamente complexo, mas dos melhores que podemos encontrar, com grande mestria.
O final é fabuloso. Vale a pena passar por todas as partes aborrecidas e encontrar aquele final. Talvez não seja o que esperámos durante todo o livro, mas ao chegar lá percebemos que não poderia ser de outra forma.
Bem, sim, eu só me apercebi hoje!
«35 Clássicos para Comemorar a Fundação da RA
Ao longo de 2016, a Relógio D’Água vai editar uma coleção de 35 Clássicos para Leitores de Hoje, a preços muito acessíveis, comemorando os anos decorridos desde a sua fundação em 1982.
Os primeiros títulos são «O Monte dos Vendavais» de Emily Brontë (nova tradução de Paulo Faria e prefácio de Hélia Correia), «Sensibilidade e Bom Senso» de Jane Austen (tradução de Paulo Faria), «O Grande Gatsby» de F. Scott Fitzgerald (com tradução de Ana Luísa Faria e prefácio de Anthony Burgess) e «Emma» de Jane Austen (tradução de Jorge Vaz de Carvalho).
Seguem-se, ao ritmo de três títulos por mês, autores como Marcel Proust, Kafka, Tolstoi, Dostoievski, Turgueniev, Machado de Assis, Flaubert, Choderlos de Laclos, Shakespeare, Oscar Wilde, Jane Austen, Dickens, Montaigne, Gogol, Alain-Fournier, Voltaire, Mário de Sá-Carneiro, Stendhal, Tchékhov, Goethe, Virginia Woolf, Eça de Queirós, Joseph Conrad, Edith Wharton, Victor Hugo e Platão.
Parte das traduções desta coleção fazem já parte do catálogo da Relógio D’Água, outras são novas.
A coleção atingirá os cinquenta títulos em meados de 2017, sempre com preços entre 5 e 10 €.
A RA, que publicou já mais de uma centena e meia de clássicos, confirma deste modo a sua vocação de dar a ler autores a quem o tempo não retirou, antes reforçou, a atualidade.»
Em Fevereiro saiu O Monte dos Vendavais de Emily Brontë (10€) e este mês O Grande Gatsby de F. Scott-Fitzgerald (7.50€).
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