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Mataram a Cotovia | Harper Lee

por Daniela, em 05.06.18

 

"Coragem é sabermos que estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente até ao fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos."

 

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Harper Lee nasceu no Alabama em 1926. Leitora precoce, foi vizinha e amiga de Truman Capote. Completou a obra Mataram a Cotovia no verão de 1959, tendo esta sido publicada em Julho de 1960. Teve muito sucesso na altura e ganhou a aclamação do público, tendo ainda ganho o prémio Pulitzer de ficção em 1961.

 

Comprei este livro na Feira do Livro de Lisboa, em 2016, e inseri-o agora em Abril no Livros no Ecrã. Tem como pano de fundo Maycomb, uma pequena cidade fictícia situada no Alabama, e passa-se nos anos 30.

 

A história é narrada do ponto de vista de uma menina de seis anos, Jean Louise Finch, a quem todos chama Scout. Ao longo da narrativa vai-nos dando a sua visão do mundo onde vive e das pessoas que se cruzam no seu caminho, comentando com inocência todos os seus passos.

 

E haverá alguma forma melhor de conhecer uma sociedade se não pelos olhos de uma criança?

 

Atticus Finch, pai de Scout e do seu irmão Jem, educou-os da forma liberal que conseguiu. Advogado, honesto, sem medos e defensor dos oprimidos, vai dando mostras aos filhos do herói moral que é.

 

A sua decisão de defender um homem negro acusado de violar uma mulher branca acaba por alterar as visões e perceções que os pequenos têm, acabando por marcar o início do fim da sua inocência.

 

Sem desvendar mais nada, acrescento apenas que este livro e estas personagens nos mostram o lado mais sombrio da humanidade, pontuado pelo racismo, pela discriminação e pelo apartar a apontar o dedo a outra pessoa só porque é diferente.

 

"E a única coisa que se sobrepõe à regra da maioria é a consciência." 

 

A escrita é simples, cheia de vivacidade e humor em situações mais sérias. Li que a autora escreveu este livro com base nas suas próprias experiências e acontecimentos enquanto criança.

 

 

Vi o filme, muito velhinho, de 1962. Com roteiro adaptado por Harton Foote e dirigido por Robert Mulligan. As personagens estão muito bem construídas, o filme não me desiludiu. É bastante fiel ao livro, quer nas personagens quer na história em si. 

 

Foi premiado com três óscares, o que por si só já lhe dá grande valor. Argumento adaptado, Direção artística e Melhor Ator, este último concedido a Gregory Peck pela sua maravilhosa interpretação do querido Atticus.

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Eça de Queirós é um dos mais importantes e conhecidos nomes da literatura portuguesa. A sua obra mais conhecida e aclamada é Os Maias, publicada em 1888.

 

Do escritor, apenas tinha lido O Crime do Padre Amaro e gostei da crítica que encontrei. A Ilustre Casa de Ramires é então o segundo livro que leio do autor e não gostei tanto. Publicada em 1900. Foi escrito de forma paralela, ou seja, existem várias histórias a decorrer ao mesmo tempo.

 

Temos por um lado a história de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo pertencente a uma das linhagens mais antigas, uma família nobre e cheia de tradições, que ambiciona entrar na política e fazer carreira, passada no século XIX. À medida que vai conseguindo atingir este objetivo, vê-se envolto numa série de dúvidas acerca da sua honra e honestidade, que poderão pôr em causa tudo aquilo que a sua família sempre defendeu.

 

Por outro lado, temos uma história escrita pelo nosso protagonista Gonçalinho, acerca dos seus antepassados, passada no século XIII. O protagonista aqui é Tructesindo Ramires, um homem que procura vingança pela morte do seu filho morto em uma emboscada por um suposto amigo da família.

 

As personagens são personificações reais e adequadas à altura. Atuais, ainda nos dias de hoje.

O Gonçalinho, o fidalgo empobrecido que quer ser superior mas por outro lado mostra-se fraco e de caráter muito débil.

A Gracinha, pequenina e frágil, pele clara e cabelos negros compridos. Frágil e passiva, deixa-se seduzir facilmente.

André Cavaleiro, o Dom Juan da zona. Bem educado, de cabelos ondulados e bigodes fartos. Seduz Gracinha, já depois de casada.

As irmãs Lousadas, a personificação de duas coscuvilheiras da aldeia, como todos certamente conhecem.

"Secas, escuras e gariulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas."

 

O início do livro é bastante aborrecido, fala das conquistas dos antigos Ramires e é difícil de passar. Depois a história começa a fluir melhor. Álem destas primeiras partes, a história de Tructesindo também é difícil de passar e, no meu entender, não acrecenta grande coisa ao livro. Sempre que Gonçalo começa a narrar a história dos seus antepassados, é necessário estar muito atento à leitura para perceber a diferença, caso contrário acabamos por nos baralhar e ter de voltar atrás, como me aconteceu várias vezes.

 

Não seria a minha primeira recomendação para primeira leitura de Eça, gostei mais de O Crime do Padre Amaro. Mas para quem quer completar a obra de Eça, avancem sem medos. Já sabem, as primeiras páginas custam a passar, por isso nada de desistir.

 

Deixo algumas fotografias do encontro do Clube dos Clássicos Vivos que aconteceu em Leiria no dia 13 de Janeiro, para discutir esta obra:

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Dom Casmurro, de Machado de Assis

por Daniela, em 22.11.17

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Machado de Assis foi um escritor brasileiro, considerado por muitos um dos maiores nomes da literatura brasileira. Dom Casmurro é um dos seus muitos títulos, publicado em 1899. Nunca tinha lido nada do autor, sendo portanto este o primeiro contacto que tive com a sua escrita. Foi o clássico escolhido para o Clube dos Clássicos Vivos, nos meses de Setembro e Outubro.

 

Traz-nos a história de Bentinho, apenas sob a sua perspetiva, que se apaixona por Capitu durante a adolescência. A sua mãe prometeu que ele iria para o seminário e Bentinho inicialmente aceitou bem a ideia, mas este amor pela sua amiga de infância vem colocar uma série de dúvidas na sua cabeça.

 

Fala-nos de ciúme e tem nuances não conclusivas de traição, que criam várias discussões entre os amantes deste clássico. A narração na primeira pessoa torna a história parcial e subjetiva, podendo levar a diferentes interpretações.

 

Este livro é dividido em capítulos muito curtos, o que nos proporciona um ritmo de leitura rápido. A história é envolvente e a escrita do autor cativante.

 

O título do livro é desvendado logo no primeiro capítulo.

 

"Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando!"

 

As personagens são na sua maioria interessantes e importantes para a história. Bento Santiago, ou Bentinho, é um homem solitário, ingénuo e sensível, criado apenas pela sua mãe extremamente protetora. Capitolina, ou Capitu, é dona de uma personalidade forte, muito inteligente e extrovertida, o completo oposto de Bentinho.

 

Os locais assinalados são narrados detalhadamente, levando-nos a imaginar o cenário com bastante pormenor.

 

Apesar de todas as dúvidas, divergências e opiniões diversas, Dom Casmurro é um clássico da literatura brasileira que merece ser lido.

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Esta foi uma leitura para o Clube dos Clássicos Vivos. Foi um livro falado e debatido num encontro na feira do livro, mas infelizmente não consegui acompanhar a maior parte da discussão.

Tomar o pequeno-almoço na famosa Tiffany & Co era um dos sonhos da nossa protagonista, Holly Golightly, uma jovem atriz com um passado sofrido que foge para Nova Iorque e passa a viver uma vida de luxo.

 

"Nunca me vou habituar a nada, e quem se habituar mais vale estar morto."

 

Louca, ingénua, sedutora, vulnerável ou inconsequente são alguns dos adjetivos que caracterizam Holly, uma mulher que vive rodeada de gente mas que foge das verdadeiras amizades. Joe, o dono de um bar onde Holly costumava ir, e nosso narrador são os únicos que parecem preocupar-se com a jovem, ao contrário de todos os outros nova-iorquinos que apenas querem relações fúteis e curtas.

Holly é um "animal selvagem" que não se prende a ninguém e que anda continuamente "em viagem" à procura do seu sítio, da sua casa, que provavelmente nunca irá encontrar.

 

"Mas não podemos confiar o coração a um animall selvagem: quanto mais lhe damos, mais forte fica até ter força suficiente para largar a correr para a floresta. Ou voar para uma árvore. E depois para uma árvore mais alta. E depois para o céu."

 

Todos os seus pertences estão arrumados em caixas espalhadas pela casa, criando uma sensação de solidão permanente em torno da personagem.

 

"Eu não quero ter nada até saber que encontrei um sítio onde eu e as coisas nos completamos. Ainda não sei muito bem quando é que isso será. Mas sei como vai ser. (...) Como o Tiffany´s."

 

Muita gente viu representado neste livro, através da personagem Holly, a prostituição no século XIX, embora eu não possa dizer que tenha sentido isso. 

Este livro não tem uma história marcante, mas sim personagens marcantes. O que nos prende a atenção e o que nos faz querer continuar a ler é esta personagem maravilhosa criada por Capote com grande mestria. Holly Golighly é o livro. Um livro curtinho, e que no final nos deixa a querer ler mais, mas um ótimo livro. 

A escrita é muito limpa, objetiva e fácil de acompanhar. Muito simples, mas de uma forma que nos encadeia e prende.

Depois de ler o livro, decidi ver o filme. Não esperem que seja como o livro, porque não é. É baseado no livro sim, mas as diferenças são enormes. Gostei do filme também, embora tenha de ser visto fora do contexto do livro para se poder aproveitar. A personagem principal é mais doce e deixa-se levar mais facilmente pelas pessoas do que no livro. O nosso narrador ganha nome: Paul. É diferente, mas é bom e gostei da atriz Audrey no papel de Holly.

 

 

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Sobre o livro...

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Para mim não foi uma boa experiência de leitura. Talvez não tenha sido a melhor altura para ler este livro e sei com certeza que não entendi tudo o que a autora quis transmitir.

Achei o texto aborrecido e foi muito difícil ir avançando com a leitura. No entanto, adorei as passagens sobre os livros e também os vários excertos que comparam homens e mulheres. 

Tirando isto, infelizmente não é um livro para mim. Foi o primeiro que li da Virginia Woolf, talvez ainda tente ler outro mas em princípio não será brevemente.

 

...e a adaptação 

 

 

Esta adaptação conseguiu ser a pior que já vi. Previ logo pelo trailer que não ia ser nada de especial. Apesar de não ter gostado do livro, sei perfeitamente que poderia ter sido feito algo muito melhor. Não consegui ver o filme todo, fui passando à frente e vou apenas falar do que vi.

Não gostei das representações nem dos atores. Os diálogos foram na sua maioria muito forçados, com exceção talvez da Sasha que mesmo assim não me cativou.

Também não gostei do roteiro. O facto de as personagens começarem a falar diretamente para a câmara por cima do narrador tornou o filme um tanto ou quanto assustador.

Enfim, não sei que mais posso dizer, foram duas más experiências que não posso recomendar.

 

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O Jogador, de Fiódor Dostoiévski

por Daniela, em 27.04.17

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Era o objetivo este livro contar para o Projeto Livros no Ecrã, no entanto e com muita pena minha não consigo encontrar o filme em lado nenhum!

Li que este livro foi escrito por Dostoiévski de forma rápida para conseguir o dinheiro de que necessitava para pagar as suas próprias dívidas do jogo e é, de facto, um livro em que são narrados episódios da sua própria vida que nos mostram de forma crua o ciclo vicioso que esta via traz.

Nunca tinha lido nada do autor, pelo que entrei na leitura sem quaisquer termos de comparação. Muitos consideram este livro muito inferior às suas restantes obras, facto sobre o qual não poderei opinar.

Este livro traz até nós as aflições e a adrenalina da vida de um jogador, o vício e o apostar sempre mais, porque desta vez é que vai ser.

A história é-nos contada da perspetiva de Aleksei Ivánovitch, um jovem perceptor para a família do general, que se diverte com tudo o que se passa em torno desta família, tornando a narrativa muito descontraída. Através dele, o autor narra uma crítica intensa contra aquela gente e todos os seus modos, somos aliás várias vezes levados a entrar na mente de quem mergulha sem consciência na mesa de jogo, não se preocupando com o seu próprio destino ou com o dos seus. 

As personagens são diversas e todas ligadas, de uma maneira ou de outra, ao dinheiro. Temos um General que espera ansioso pela morte da sua avó para que possa ficar com a sua herança. Temos uma mulher que se junta aos homens mais endinheirados, para que todos os seus luxos sejam satisfeitos. Temos um inglês rico, que acaba por usar as pessoas a seu proveito.

Também nos é mostrado outra formas de jogo, com personagens secundárias que jogam por probabilidades, apontando todas as jogadas, apostando sempre em números ou cores que não saem há muito tempo e nunca apostando no que acabou de sair.

Um bom livro, em que a crítica social muito implícita se torna deveras interessante.

 

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Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway

por Daniela, em 07.04.17

“Se, na juventude, você teve a sorte de viver na cidade de Paris, ela o acompanhará sempre até ao fim da sua vida, vá você para onde for, porque Paris é uma festa móvel.”

 

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Surgido 3 anos após a morte do autor, Paris é uma Festa é um romance autobiográfico que retrata as memórias parisienses do escritor Ernest Hemingway quando decidido a deixar a jornalismo se dedicou a uma carreira de escritor, numa altura que considera ter sido a melhor da sua vida. 

O livro leva-nos até às muitas ruas de Paris dos anos 20, uma cidade no seu ponto máximo literário onde encontramos pessoas da época como Gertrude Stein, Ezra Pround, James Joyce ou F. Scott Fitzgerald. Passeamos com o autor por cafés e chegamos à livraria de Sylvia Beach, Shakespeare and Company, onde se encontravam os principais escritores da altura.

Hemingway não nos apresenta Paris como a icónica cidade romântica, mas como uma cidade igual a tantas outras, com os seus recantos bonitos e as pessoas que a compõem, tornando-a num palco de inspiração e numa "festa" ou seja, um divertimento para todos os que têm a sorte de a frequentar.

Em suma, Paris é uma Festa mostra-nos uma história de memórias, que poderemos considerar reais ou fictícias como o autor nos diz numa nota logo nas primeiras páginas.

Para quem gosta de livros do género será com certeza uma ótima leitura, outros podem não a achar nada de especial ou nem a conseguir terminar, eu terminei e, não adorando, gostei.

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Madame Bovary, de Gustave Flaubert

por Daniela, em 20.03.17

 

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Madame Bovary critica largamente uma burguesia com comportamentos supérfluos através da nossa protagonista, uma mulher forte que procura alargar os seus horizontes além dos limites do seu casamento.

É um livro dividido em três partes. Na primeira parte, conhecemos Charles, um estudante pouco brilhante que acaba por se tornar num médico também sem grande vocação. Casa-se com Emma e vive uma vida feliz enquanto vai cedendo cada vez mais aos caprichos da sua mulher. Na segunda parte Emma e Charles mudam de cidade e vão-se envolvendo socialmente com algumas pessoas que passam a frequentar a sua casa. Na última parte, os caprichos e pecados dos protagonistas recaem sobre eles e muita coisa é revelada.

Emma é uma mulher que não segue as regras nem percorre o caminho comum de todas as mulheres daquela época. Procura alternativas, não vive sob as ordens de ninguém, não paraliza nem se deixa dominar pelo poder que os homens tendem a ter sobre as mulheres. Emma queria ser quem não era e procurava nos romances que lia a vida que queria para si.

As mulheres são no geral as mais fortes e as personagens mais interessantes deste livro. Os homens são quase todos apresentados como seres mais fracos e sempre submissos aos desejos das mulheres.

O autor demorou anos a concluir a obra e chegou mesmo a ir a julgamento após o seu lançamento por tentar desencaminhar as mulheres de família leitoras de romances através do tema do adultério presente neste livro. Quando lhe perguntaram quem era esta Madame Bovary a resposta que deu ficou conhecida até hoje.

"Madame Bovary, c'est moi"

 

*Esta leitura insere-se na sexta etapa do desafio A Volta ao Mundo em Livros.

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O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald

por Daniela, em 03.07.16

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Ao contrário da maioria dos livros, o grande Gatsby não é narrado pela personagem principal, mas sim por Nick Carraway, vizinho e amigo de Jay Gatsby, que vai descobrindo e desvendando o mundo do protagonista. No geral, este livro retrata a sociedade dos loucos anos 20, a sociedade pós 1ª Guerra Mundial, cheia de festas e rodeada de riquezas e futilidades para tentar esquecer o vazio que se formou. A maioria das personagens são mesquinhas, adúlteras e fúteis, apenas importam as festas e o dinheiro, casamentos por interesse é o mais procurado e o amor é sempre deixado de lado.

Jay Gatsby é um milionário misterioso que dá as mais extravagantes festas na sua enorme mansão, onde aparecem todos os tipos de pessoas. Apesar do seu dinheiro e de estar sempre rodeado de pessoas, Gatsby é muito solitário e fica constantemente à espera de realizar o seu maior sonho - reencontrar e reconquistar a sua antiga namorada Daisy.

Daisy por sua vez não merece nada do que Gatsby faz por ela, tão mesquinha e fútil que é. Tom, o marido, representa o racismo e o adultério, o poder que a riqueza tinha na época.

A mensagem do livro é marcante e mostra-nos que nem todo o dinheiro do mundo é capaz de trazer consigo a felicidade e a concretização dos nossos sonhos mais escondidos. A solidão de Gatsby é um dos pontos mais fortes deste livro, o facto de estar sempre rodeado de pessoas nas extravagantes festas na sua mansão não lhe trouxe nenhum dos verdadeiros companheiros que todos precisamos.

 

Personagens preferidas: Nick Carraway, Jay Gatsby

 

Pontuação: 4*

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O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë

por Daniela, em 10.06.16

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Li este livro para o Clube dos Clássicos Vivos, em Abril. Apesar de ser um livro que muitas opiniões divide, foi para mim uma experiência maravilhosa. É uma viagem espantosa aos recantos da mente humana, cada personagem é caracterizada de uma forma deliciosamente detestável. Não é um romance como os que normalmente se veêm, em que tudo corre bem e acaba bem. É uma história que junta o amor, a vida e personalidades que existem na realidade. Personalidades e comportamentos humanos, espantosamente bem construídas e fiéis a si mesmas, personagens odiáveis pelo simples facto de representarem características reais que se veêm a cada esquina.

Temos Catherine e Heathcliff, dois personagens mesquinhos e egoístas. Heathcliff representa em simultâneo o amor e o ódio, é rancoroso e completamente dominado pelas suas emoções, paixões e sentimentos, o mais instintivo dos personagens. Catherine é simplesmente egoísta, pensa muito na felicidade própria e no interesse próprio, sem se preocupar com aqueles que a rodeiam.

No extremo oposto temos Edgar Linton, o que mais se aproxima daquilo que vemos como o homem comum, o politicamente correto.

Hareton é filho de Hindley (irmão de Catherine e inimigo de Heathcliff) e é completamente o contrário de todas as outras personagens. Ao contrário de todos os outros não é vil nem mesquinho, é humilde e não é tão orgulhoso ao ponto de guardar rancores.

O livro em si fala de vingança, a vingança de Heathcliff para com aqueles que o desprezaram e destruíram. A história é contada por Ellen Dean, a governanta do Monte dos Vendavais, vinte anos depois dos acontecimentos terem lugar, abarcando em simultâneo as duas gerações da história. 

Emily Brontë, na sua espantosa escrita, conseguiu explorar o lado mais negro da natureza humana, e representar as maiores angústias, medos e falhas do ser humano. É um livro que nos mostra que todas as nossas ações têm consequências, quer na nossa própria vida, quer na vida dos nossos filhos ou ainda na vida de terceiros. Heathcliff e Catherine são detestáveis, mas é tão espetacular terem sido os escolhidos para as personagens principais!

 

Pontuação: 5*

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