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Pontuação: 4 estrelas
Começo por dizer que esta foi uma das melhores autoras que conheci este ano, quero ler mais livros dela!
O Filha da Fortuna conta a história de Eliza, uma menina abandonada à porta da família Sommers, que a acolheu como se fosse da família. No entanto, Isabel Allende traz-nos uma muito maior quantidade de personagens, cada uma mais forte que a anterior, sempre muito bem construídas, a partilhar e vivenciar com Eliza as suas experiências de vida.
Passa-se entre o Chile e a Califórnia, principalmente durante os anos 1848 e 1849, quando se deu a febre do ouro e a Califórnia se tornou num dos estados mais habitados dos EUA.
Devido a um romance mal terminado, Eliza passa por várias aventuras e vários desgostos e provações, que a levam a conhecer Tao Chi'en.
Tao é um chinês que pratica a medicina oriental e que, vendido para a escravatura com apenas 10 anos, teve a sorte de ser revendido a um médico para se tornar no seu aprendiz. É dos melhores personagens do livro, acabando por gastar o pouco dinheiro que consegue juntar a ajudar as pequenas sing song girls, meninas chinesas traficadas e leiloadas para prostituição infantil.
É um livro que retrata muito bem a época da febre do ouro na Califórnia, em que a violência e o racismo eram recorrentes. Mostra como os nativos foram expulsos da sua própria terra e como as pessoas de nacionalidade chinesa ou mexicana eram desprezadas e muitas vezes linchadas sem qualquer motivo aparente.
Mostra também que os mais espertos estabeleceram negócio naquele país onde cada coisa valia uma fortuna, em vez de perderem tempo nas minas, enriquecendo tanto ou mais como os que o faziam, e retrata ainda a aparição dos barcos a vapor, aqui utilizados para levar mercadorias até à Califórnia muito mais rapidamente.
O papel das mulheres da altura também é bastante descrito, na Califórnia havia apenas as prostitutas e é desenvolvido o como é viver numa terra de homens, as diferenças entre as várias raças, destacando-se a submissão imediatamente atribuída às mulheres e esposas chinesas, compradas por catálogo.
O final quase nos obriga e ler o próximo livro, Retrato a Sépia, em busca de mais informação, se bem que se pode ler apenas o segundo sem necessidade do primeiro para perceber a história.
Personagem preferida: Tao Chi'en
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