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José Saramago foi o único escritor português galardoado com o Nobel da Literatura, em 1998. Foi merecido. Escreveu vários romances, crónicas, contos e até alguns livros de poesia e contos infantis.
As Intermitências da Morte foi o terceiro livro que li do autor, tendo lido já há alguns anos Caim e, mais recentemente, Ensaio Sobre a Cegeira.
Este livro fala da morte.
"No dia seguinte ninguém morreu."
A frase inicial desta obra é um ponto de partida que nos deixa desde logo intrigados. A partir daqui Saramago relata-nos, no seu estilo carregado de ironia e sarcasmo, as reações da sociedade e de quem a governa, da igreja e do clero, dos hospitais, das agencias funerárias e até das seguradoras ao súbito desaparecimento da morte.
Várias reflexões podem ser feitas ao longo desta leitura, onde Saramago vai divagando acerca da importância da vida e da morte e da forma como as duas se conjugam.
Os moribundos, ou seja, aqueles que não podem morrer mas estão em tal estado que também não têm condições para viver, são constantemente focados. As discussões e problemas que criam para a família e as soluções que acabam por se encontrar são bastante escrutinadas, num tom de crítica social acentuado a cada palavra.
Em páginas mais avançadas, as personagens deixam de ser tão subjetivas e passam a ser bem definidas, apesar de nunca termos acesso a um nome próprio. O autor foca aqui a morte e o violoncelista, um personagem fulcral na história.
A morte acaba por ser humanizada e igualada a todos nós. Todas nós, pois aqui a morte é representada como uma personagem feminina.
A escrita do autor já me era familiar e não passei por aquele característico período de adaptação. A forma como ele escrevia, apenas usando como pontuação alguns pontos finais e muitas vírgulas, poderá não ser adaptada a todos mas, como ele próprio disse uma vez, é a forma como as pessoas falam, a forma como as histórias são contadas.
O final do livro é maravilhoso. Se tinha dúvidas entre as quatro e as cinco estrelas, este final dissipou-as de vez.
Leiam este livro. Leiam Saramago. Leiam os nossos.
Ler os Nossos: um projeto da Cláudia, do blog e canal a mulher que ama livros.
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