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Compaixão, de Jodi Picoult

por Daniela, em 11.07.17

"Se o amor da sua vida lhe pedisse ajuda para morrer, que faria? Quando é que o amor ultrapassa os limites da obrigação moral? E o que é que significa amar verdadeiramente alguém?"

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ATENÇÃO: Alguns spoilers.

 

Este foi o segundo livro que li da autora e o primeiro livro do projeto Um ano com a Jodi, organizado pela Dora, pela Elisa e pela Isaura. Como já é normal na autora, ela traz-nos mais um tema controverso. 

Jamie MacDonald sufoca a sua mulher, Maggie, com uma almofada e apresenta-se na polícia. Maggie sofria de uma doença prolongada e não tinha qualquer tipo de esperança em recuperar.

A premissa do livro é muito interessante, e faz-nos pensar num tema que divide muitas opiniões: a Eutanásia. A Eutanásia é o ato de tirar a vida a alguém que sofre de uma doença incurável, e este livro leva-nos a pensar se esta será uma morte cruel ou um ato de compaixão, e questiona aquilo que é moralmente correto.

Por estas razões o livro torna-se interessante nos primeiros capítulos, quando queremos ver este tema mais explorado. No entanto, à medida que a leitura vai avançando, esse interesse vai-se perdendo cada vez mais. A premissa do livro, que sugere uma exploração entre a crueldade e a compaixão de se praticar a eutanásia, vai-se perdendo à medida que as páginas vão passando.

O tema promissor que a capa do livro nos promete perde-se pelo caminho e passa a ser um livro de reflexão sobre o amor, as formas de amar e o "70-30", que representam "alguém que ama e alguém que se deixa amar". 

Allie e Cam são um casal que também tem uma presença muito acentuada no livro. Namorados desde o liceu, ou lá perto, casados há anos, felizes? talvez. Depois aparece Mia, a assistente de Allie que vai acabar por encadear Cam.

Talvez o objetivo da autora fosse comparar o casamento de Jamie e Maggie que tinha tudo para ser perfeito e acabou depressa demais, com o casamento cheio de problemas de Cam e Allie, que apesar de tudo continua. Dois temas com tanto para escrever não poderiam ser encaixados no mesmo livro. Eutanásia e Adultério. Penso que daria um livro muito melhor se a autora se focasse apenas no primeiro.

Não simpatizei com nenhuma das personagens, um Cam antiquado onde tudo tem de ser como ele quer, uma Mia que não sabe bem o que quer, uma Allie completamente cega que não vê o que está mesmo à frente dos olhos dela. Quase no final, a Allie parece que se revolta, que pensa nela e por ela, no que ela quer e não no que ele quer, mas passado uns dias tudo volta atrás. Foi uma desilusão no meio daquela última réstia de esperança.

A escrita da autora é muito fluída e fácil de ler, no entanto existem algumas partes que a tornam aborrecida, como é exemplo a quantidade de vezes que são referidas as tradições da Escócia, que acabam por não interessar nada para a história, ou a excessiva referência às flores e àquilo que representa cada uma.

O final é onde a ação se torna mais dinâmica, no entanto acho que acaba por ser demasiado rápido.

Não me marcou. Não recomendo.

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O Artesão, de Carla Antunes

por Daniela, em 26.06.17

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Este livro foi publicado em Março deste ano, com uma capa linda, e foi o livro de estreia da autora.

Como pano de fundo temos a Serra da Estrela e acompanhamos de perto a vida de uma vila pacata, escondida no meio da Serra, sem telefones, que se isola no Inverno quando a neve tapa todos os acessos.

A personagem principal é Nina, que vive no Covão, longe da aldeia. Nina foi abandonada em bebé à porta da igreja, até Sam a ir buscar e passar a tomar conta dela. A relação deles nunca foi fácil, no entanto, já em adulta, Nina prescinde das várias coisas associadas à juventude para tomar conta dele.

Gostei de ler este livro, houve com certeza ideias que poderiam ter sido mais trabalhadas, mas para um primeiro livro está muito bem, ainda por cima de uma autora portuguesa.

A história agarrou-me depois de alguns capítulos, quando a ação começou e a história ganhou formas. Houve várias reviravoltas e queria sempre saber o que iria acontecer a seguir, como as personagens iriam reagir ou como a história se iria desenrolar.

O ponto negativo é o facto de carecer de alguma revisão, houve certas alturas em que as frases não faziam sentido e isso é algo que pode ser facilmente evitado. 

O final não é atribulado, é calmo e reconfortante. Terminou pacificamente, como eu achei que iria terminar, é intuitivo mas isso não o torna frustrante. Neste livro, era assim que tinha de ser. A ação está no decorrer do livro.

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Sobre o livro...

 

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Mais um para o projeto Livros no Ecrã, desta vez de Nicholas Sparks. É o primeiro livro que leio do autor e entrei nesta história sem grandes espectativas, e a verdade é que não me surpreendeu por aí além. Sim, tem passagens fofinhas e é romântico e essas coisas todas. No entanto, talvez seja muito cliché. Não sabia nada da história, mas soube quase sempre o que ia acontecer a seguir, o que estraga sempre um bocadinho as coisas não é? 

O tema principal é a doença que magoa tanta gente por aí: o Alzéimer. Quando visitamos alguém que conhecemos desde pequenos e que sofre desta doença, o olhar de confusão e a pergunta nem sempre formulada que os olhos da pessoa transmitem é o pior. 

Bem, gostei das personagens principais. Allie é uma mulher forte que mesmo contra as probabilidades consegue fazer as coisas de maneira calma e acertada. Noah é o homem do charme, tão protetor e meigo, que cuida da sua menina até ao fim.

Houve passagens da história que poderiam ter sido mais aperfeiçoadas, era interessante saber mais sobre o passado de algumas das personagens e haver mais pormenores em relação ao que vai acontecendo. Lon, por exemplo, é muito pouco explorado, não sabemos nada sobre ele e acabamos o livro sem saber nada.

A escrita também não me agarrou, estava à espera de uma escrita mais rica, mais perfeita e, no entanto, deparei-me muitas vezes com frases que pareciam ter sido escritas para um YA por exemplo.

E depois a mensagem que traz, que o amor cura tudo, supera qualquer espetativa e consegue derrotar qualquer barreira.

 

 

...e a adaptação

 

 

 

 

 

É verdade, foi um dos raros casos em que gostei mais do filme do que do livro.

Alguns dos detalhes que faltavam no livro foram preenchidos, algumas personagens mais exploradas. A linha principal da história foi a mesma, no entanto houve várias alterações.

As personagens não são muito diferentes do que tinha imaginado, com a excepção de Noah, que é completamente diferente.

O filme prendeu-me muito mais do que o livro e até chorei. É bom quando isto acontece!

 

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Madame Bovary, de Gustave Flaubert

por Daniela, em 20.03.17

 

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Madame Bovary critica largamente uma burguesia com comportamentos supérfluos através da nossa protagonista, uma mulher forte que procura alargar os seus horizontes além dos limites do seu casamento.

É um livro dividido em três partes. Na primeira parte, conhecemos Charles, um estudante pouco brilhante que acaba por se tornar num médico também sem grande vocação. Casa-se com Emma e vive uma vida feliz enquanto vai cedendo cada vez mais aos caprichos da sua mulher. Na segunda parte Emma e Charles mudam de cidade e vão-se envolvendo socialmente com algumas pessoas que passam a frequentar a sua casa. Na última parte, os caprichos e pecados dos protagonistas recaem sobre eles e muita coisa é revelada.

Emma é uma mulher que não segue as regras nem percorre o caminho comum de todas as mulheres daquela época. Procura alternativas, não vive sob as ordens de ninguém, não paraliza nem se deixa dominar pelo poder que os homens tendem a ter sobre as mulheres. Emma queria ser quem não era e procurava nos romances que lia a vida que queria para si.

As mulheres são no geral as mais fortes e as personagens mais interessantes deste livro. Os homens são quase todos apresentados como seres mais fracos e sempre submissos aos desejos das mulheres.

O autor demorou anos a concluir a obra e chegou mesmo a ir a julgamento após o seu lançamento por tentar desencaminhar as mulheres de família leitoras de romances através do tema do adultério presente neste livro. Quando lhe perguntaram quem era esta Madame Bovary a resposta que deu ficou conhecida até hoje.

"Madame Bovary, c'est moi"

 

*Esta leitura insere-se na sexta etapa do desafio A Volta ao Mundo em Livros.

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O Crime do Padre Amaro é um livro do escritor Eça de Queirós que dispensa apresentações.

Amaro, um padre sem vocação é obrigado a seguir esta via por imposição familiar, até que encontra Amélia, uma rapariga inocente de 24 anos.

Tem como pano de fundo a cidade de Leiria, abrangendo principalmente o ambiente cristão, e é uma crítica feroz aos vícios da época, à vida abastada da burguesia e aos abusos do clero.

Narrado na terceira pessoa, é-nos possível saber o que cada personagem está a sentir, a pensar ou a fazer. As beatas estão altamente presentes e criticadas no livro, sendo algumas tratadas severamente com nomes grosseiros. É difícil conseguir simpatizar com alguma das personagens, todas elas nos são apresentadas de uma forma muito sarcástica e criticada.

A corrupção pelos associados à igreja, a quebra do celibato dos padres, os jogos de aparências e o moralismo fingido são temas muito presentes e constantemente trazidos ao de cima. A diferença entre o que pregam e o que fazem é enorme. O poder conseguido através do uso da religião. A hipócrisia e a verdade fingida.

No entanto, é no último capítulo do livro que a crítica se torna mais severa, e onde um clima de miséria e prostituição é caracterizado com uma enorme paz numa conversa que envolve dois personagens pertencentes ao clero e um conde, pertencente à burguesia.

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Se podes olhar, vê.

Se podes ver, repara.

 

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Pontuação: 5*

 

Terminei o primeiro livro para o Projeto Ler os Nossos, do qual falei aqui. É o segundo que leio do autor, adorei o primeiro - Caim - e adorei ainda mais este.

Como desde a leitura do primeiro livro de Saramago já se passaram vários anos, quando iniciei a leitura deste tive de voltar a habituar-me à sua escrita sem parágrafos nem travessões de diálogo. No entanto, após esta pequena entrave ter sido dominada, a leitura tornou-se fluida e bastante compulsiva.

Passado num tempo e numa cidade não definidos,o que torna este livro intemporal, tudo começa quando um homem parado num semáforo há espera da luz verde perde a visão sem qualquer motivo aparente. Esta cegueira era descrita pelo homem como vendo tudo branco, uma cegueira diferente de todas as que se conhecem. Este então designado por mal branco alastra-se e afeta as pessoas que travaram contacto com o primeiro cego, tornando-se posteriormente numa epidemia.

O enredo é violento e a história é pesada e desesperante. Traz cenas fortes e capazes de revolver o estômago. Saramago mostra a face mais obscura da sociedade, que mesmo ao vivenciar uma situação caótica como a descrita neste livro, ainda tenta vergar os mais fracos às suas próprias vontades.

Para além de não existir um tempo e um local certo, também as personagens são desprovidas de nomes próprios. Nesta obra existem, como personagens principais, para além do primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o médico, a mulher do médico, a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta e o rapazinho estrábico. 

Todos os pormenores do livro nos mostram que o tempo, o sítio e o nome dos personagens são irrelevantes, pois alterando qualquer um dos três o resultado seria o mesmo.

Esta cegueira é uma metáfora que o autor criou para demonstrar que muitas vezes não conseguimos ver por trás do que aparece à superfície nem para além do preconceito e que "o essencial é invisível aos olhos", ou seja, aquilo que é importante não é perceptível apenas com a visão. É um livro que fala das necessidades mais básicas da humanidade, de instintos de sobrevivência e que nos traz algo em que pensar e perspetivas muito interessantes.

O cenário apocalíptico que o autor criou e a mensagem que o livro traz, faz deste um livro fascinante.

 

Personagens preferidas: a rapariga dos óculos escuros, o velho da venda preta

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A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende

por Daniela, em 03.11.16

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Pontuação: 4*

 

Este é um livro que acompanha a família Trueba, interligada com a história do Chile, pano de fundo desta obra. Tentei escrever sem spoilers, mas foi impossível, embora sejam poucos e, na sua maioria, contextualizados na história do país e de conhecimento geral. Se não leram o livro, não leiam por favor o excerto que coloquei mais abaixo.

As três personagens principais são femininas e cada uma representa uma geração - Clara, Blanca e Alba, três nomes diferentes mas que se tornam no mesmo, numa alusão à pureza que sempre é associada à cor branca. Clara é a primeira delas, é a Clara clarividente que move objetos com a mente. É uma personagem muito interessante, das melhores do livro, e é maravilhoso ir acompanhando o seu desenvolvimento e a sua vida. Blanca e Alba são, respetivamente, filha e neta de Clara e continuaram a história nas gerações seguintes.

Logo nas primeiras páginas sabemos como foi construído este texto, baseado nos livros onde Clara registava a vida, e com vários detalhes acrescentados pelo patriarca Esteban Trueba.

A história começa décadas antes do golpe de estado do Chile, mas é a um terço do fim, que este livro nos traz o melhor de si quando, na década de 70, o partido socialista vence as eleições do Chile. Aqui começa um conceito histórico e muito interessante narrado através das memórias da própria Isabel Allende, filha do primo do presidente Salvador Allende.

O nome de Salvador Allende nunca nos é referido no livro, sendo representado apenas como Presidente, embora o tempo e o contexto histórico desta obra nos leve até ele.

Em 1973 dá-se o golpe militar, descrito neste livro com vários detalhes do que aconteceu na época, uma vez que Isabel Allende vivenciou este acontecimento.

Uma personagem assumidamente da direita e que defende o seu partido durante a maior parte do livro é Esteban Trueba. Em várias ocasiões cego pela riqueza e em outras incapaz de ver o que se apresenta mesmo à sua frente, tendo ainda apoiado a tirania da ditadura de Pinochet, ele representa as pessoas enganadas pela ilusão de poder.

Existe ainda um outro personagem importante e designado como Poeta, que através da sua história, presente no livro, descobrimos ser Pablo Neruda. O excerto seguinte representa um episódio muito triste da história, logo após o golpe militar. 

O Poeta agonizou na sua casa junto ao mar. Estava doente e os acontecimentos dos últimos tempos esgotaram-lhe o desejo de viver. A tropa revolveu-lhe a casa, deram voltas às sua coleções de búzios, conchas, borboletas, às suas garrafas e máscaras de proa resgatadas de tantos mares, aos seus livros, quadros, versos inacabados, à procura de armas subversivas e comunistas escondidos, até o seu velho coração de bardo começar a falhar. Levaram-no para a capital. Morreu quatro dias depois e as últimas palavras do homem que cantou a vida, foram: «Vão fuzilá-los! Vão fuzilá-los!». Nenhum dos seus amigos se pôde aproximar na hora da morte, porque estavam na clandestinidade, fugitivos, exilados ou mortos. A sua casa azul do cerro estava meio em ruinas, o piso queimado e os vidros partidos, não se sabia se era obra dos militares, como diziam os vizinhos, ou dos vizinhos, como diziam os militares. Ali o velaram os poucos que se atreveram a aparecer (...)

As pessoas iam em silêncio. De repente, alguém gritou roucamente o nome do Poeta e uma única voz em todas as gargantas respondeu «Presente! Agora e sempre!». Foi como se tivessem aberto uma válvula e toda a dor, medo e raiva desses dias saísse do peito e percorresse a rua, subindo como um clamor terrível até às negras nuvens do céu. Outro gritou «Companheiro Presidente!». E todos responderam num só lamento, pranto de homem: «Presente!». A pouco e pouco o funeral do Poeta transformou-se no ato simbólico de enterrar a liberdade.

Super bem escrito e que vale bastante a pena pelos acontecimentos aqui descritos e retirados das recordações da própria Isabel Allende, num livro que nos agarra desde as primeiras páginas.

O final é maravilhoso, a destruição e o renascimento unidos na procura de novos e melhores tempos. Sem dúvida um livro a reler.

 

Personagens preferidas: Clara Del Valle

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Pontuação: 5*

 

Neste livro ficamos a saber o que aconteceu após o intenso final do primeiro volume. O ritmo de leitura abranda nas primeiras páginas, mas depressa volta ao habitual.

Ao contrário do primeiro, neste livro a Lenú destacou-se mais do que a Lila. Foram muitas as situações em que Lila  demonstrou sentimentos confusos e ações que desiludiram. Tais ações talvez se devam ao facto de, ao contrário da sua amiga, não ter tido a possibilidade de continuar os estudos e assim ter tentado provar - a todos e a ninguém em particular - que conseguiria ser alguém, até mais que Lenú, sem essa ajuda.

Por outro lado, Lenú torna-se numa aluna exemplar e brilhante, procurando sempre afirmar-se perante o bairro onde nasceu e principalmente perante Lila.

Ambas as personagens se dão a conhecer melhor e, embora vivam cada vez mais afastadas, mantêm a amizade que as uniu em pequenas. Revi-me tanto numa como noutra, em várias alturas e situações distintas, não conseguindo escolher uma preferida.

Os locais e as personagens mantêm-se praticamente inalterados, levando-nos novamente a correr as ruas de Nápoles e a reencontrar os habitantes de um dos seus bairros mais pobres.

Elena Ferrante é detentora de uma escrita tão poderosa que nos transmite qualquer tipo de sentimento nas mais variadas situações.

O final é muito mais suave que o do livro anterior, embora no geral seja um livro bastante mais arrebatador e nos leve a pegar com imensa curiosidade no terceiro volume.

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A Amiga Genial, de Elena Ferrante

por Daniela, em 13.10.16

"A mãe de Rino chama-se Raffaella Cerullo, mas toda a gente a tratou sempre por Lina. Eu não, nunca fiz uso de nenhum desses nomes. Para mim, há quase sessenta anos que é Lila. Se lhe chamasse Lina ou Raffaella, assim de repente, era sinal de que a nossa amizade chegara ao fim."

 

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Pontuação: 5*

 

Este livro foi uma agradável experiência. Não tem um ritmo muito acelerado, mas vai-se tornando cada vez mais interessante.

A Amiga Genial conta a história de duas amigas, Lenú e Lila, que vivem uma amizade conturbada e cheia de altos e baixos. A história começa quando Lila decide desaparecer sem deixar rasto, altura em que Lenú começa um relato vivido muito tempo antes, em meados da década de cinquenta, quando as duas se conheceram. 

"Lila entrou na minha vida na primeira classe e impressionou-me de imediato porque era muito má."

Este volume narra a Infância e a Adolescência das duas amigas, do ponto de vista de Lenú.

Como pano de fundo temos Nápoles, terra de nascimento da autora sobre a qual, até há muito pouco tempo, pouco era divulgado. A escrita de Elena Ferrante é maravilhosa e relata, sem reticências, uma sociedade suburbana e cheia de dificuldades, onde os homens mandam, as mulheres, submissas, se resignam a viver a sua vida pelos modos deles e os filhos assistem a um clima de violência, aprendendo desde cedo o chamado ofício da família, trabalhando desde cedo.

Lenú e Lila são duas destas crianças, muito diferentes entre si. Lenú tem a possibilidade de prosseguir os estudos, ao passo que Lila, apesar de ser a mais inteligente da classe, fica apenas com o diploma da primária e começa a ajudar a mãe nos seus afazeres. Lila é diferente das outras crianças, não tem medos e faz apenas aquilo que quer, ao contrário da amiga tímida e medrosa, que procura constantemente a aprovação dos outros.

O final é daqueles que nos desespera e obriga a ir logo buscar o segundo volume, de tão intenso que é.

 

Personagens preferidas: Lila

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Kamryn e Adele são as melhores amigas desde os tempos de faculdade. No entanto, dois meses antes de casar, Kamryn descobre que Adele dormiu com Nate, o seu noivo, e que Tegan, a sua afilhada, nasce dessa traição. Kamryn termina o noivado e afasta-se dos dois, até ao dia do seu 32º aniversário quando recebe um postal de Adele pedindo-lhe para a ir ver ao hospital.

Adele foi diagnosticada com leucemia e tem muito pouco tempo de vida restante. Quando Kamryn a visita, Adele pede-lhe que adote a sua filha Tegan de 5 anos.

Este é um livro que explora a dor que os pacientes de oncologia passam, transmitem, e tudo o que deixam para trás. Kamryn é uma personagem forte, que luta por Tegan e pela felicidade das duas com todas as suas forças. Esta história mostra-nos do princípio ao fim como é errada a ideia que temos de ter todo o tempo para estar com quem amamos. De um momento para o outro a vida pode mudar, o que damos como certo passa a incerto e acabamos por nos arrenpender das nossas decisões.

A história desenvolve-se lentamente, e aos poucos vamos assimilando o passado e o presente e as características das diversas personagens.

 

Personagens preferidas: Luke, Kamryn

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