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Eça de Queirós é um dos mais importantes e conhecidos nomes da literatura portuguesa. A sua obra mais conhecida e aclamada é Os Maias, publicada em 1888.

 

Do escritor, apenas tinha lido O Crime do Padre Amaro e gostei da crítica que encontrei. A Ilustre Casa de Ramires é então o segundo livro que leio do autor e não gostei tanto. Publicada em 1900. Foi escrito de forma paralela, ou seja, existem várias histórias a decorrer ao mesmo tempo.

 

Temos por um lado a história de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo pertencente a uma das linhagens mais antigas, uma família nobre e cheia de tradições, que ambiciona entrar na política e fazer carreira, passada no século XIX. À medida que vai conseguindo atingir este objetivo, vê-se envolto numa série de dúvidas acerca da sua honra e honestidade, que poderão pôr em causa tudo aquilo que a sua família sempre defendeu.

 

Por outro lado, temos uma história escrita pelo nosso protagonista Gonçalinho, acerca dos seus antepassados, passada no século XIII. O protagonista aqui é Tructesindo Ramires, um homem que procura vingança pela morte do seu filho morto em uma emboscada por um suposto amigo da família.

 

As personagens são personificações reais e adequadas à altura. Atuais, ainda nos dias de hoje.

O Gonçalinho, o fidalgo empobrecido que quer ser superior mas por outro lado mostra-se fraco e de caráter muito débil.

A Gracinha, pequenina e frágil, pele clara e cabelos negros compridos. Frágil e passiva, deixa-se seduzir facilmente.

André Cavaleiro, o Dom Juan da zona. Bem educado, de cabelos ondulados e bigodes fartos. Seduz Gracinha, já depois de casada.

As irmãs Lousadas, a personificação de duas coscuvilheiras da aldeia, como todos certamente conhecem.

"Secas, escuras e gariulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas."

 

O início do livro é bastante aborrecido, fala das conquistas dos antigos Ramires e é difícil de passar. Depois a história começa a fluir melhor. Álem destas primeiras partes, a história de Tructesindo também é difícil de passar e, no meu entender, não acrecenta grande coisa ao livro. Sempre que Gonçalo começa a narrar a história dos seus antepassados, é necessário estar muito atento à leitura para perceber a diferença, caso contrário acabamos por nos baralhar e ter de voltar atrás, como me aconteceu várias vezes.

 

Não seria a minha primeira recomendação para primeira leitura de Eça, gostei mais de O Crime do Padre Amaro. Mas para quem quer completar a obra de Eça, avancem sem medos. Já sabem, as primeiras páginas custam a passar, por isso nada de desistir.

 

Deixo algumas fotografias do encontro do Clube dos Clássicos Vivos que aconteceu em Leiria no dia 13 de Janeiro, para discutir esta obra:

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O Crime do Padre Amaro é um livro do escritor Eça de Queirós que dispensa apresentações.

Amaro, um padre sem vocação é obrigado a seguir esta via por imposição familiar, até que encontra Amélia, uma rapariga inocente de 24 anos.

Tem como pano de fundo a cidade de Leiria, abrangendo principalmente o ambiente cristão, e é uma crítica feroz aos vícios da época, à vida abastada da burguesia e aos abusos do clero.

Narrado na terceira pessoa, é-nos possível saber o que cada personagem está a sentir, a pensar ou a fazer. As beatas estão altamente presentes e criticadas no livro, sendo algumas tratadas severamente com nomes grosseiros. É difícil conseguir simpatizar com alguma das personagens, todas elas nos são apresentadas de uma forma muito sarcástica e criticada.

A corrupção pelos associados à igreja, a quebra do celibato dos padres, os jogos de aparências e o moralismo fingido são temas muito presentes e constantemente trazidos ao de cima. A diferença entre o que pregam e o que fazem é enorme. O poder conseguido através do uso da religião. A hipócrisia e a verdade fingida.

No entanto, é no último capítulo do livro que a crítica se torna mais severa, e onde um clima de miséria e prostituição é caracterizado com uma enorme paz numa conversa que envolve dois personagens pertencentes ao clero e um conde, pertencente à burguesia.

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