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O Vermelho e o Negro, de Stendahl

por Daniela, em 23.10.17

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Stendhal é um pseudónimo de Henri-Marie Beyle, que escreveu no século XIX sob a capa de vários outros e que publicou apenas um livro com o seu nome verdadeiro. Louis Alexandre Bombet ou Anastasius Serpière são alguns dos pseudónimos que utilizou antes de Stendhal.

 

Este livro passa-se em França, no período da Restauração antes da Revolução de 1830, e traz-nos a história de Julien Sorel. O nosso protagonista é um jovem inteligente e ambicioso, nascido em Verrières no ceio de uma família pobre. Filho de um carpinteiro e desprezado por estes e pelos seus irmãos devido à sua tendência para os livros, a paixão por Napoleão Bonaparte, e falta de jeito nos trabalhos árduos.

 

"Nada podia ser mais antipático ao velho Sorel; talvez tivesse perdoado a Julien a sua compleição franzina, pouco adequada aos trabalhos que exigem força e tão diferente da corpulência dos filhos mais velhos; mas aquela mania de ler era-lhe odiosa, tanto mais que ele próprio não sabia ler."

 

Apesar destes fatores, ele tem no entanto pretensões de subir na vida. Ele sonha integrar-se na alta sociedade e tenta-o de duas formas; através do serviço a casas de famílias importantes e através da sua entrada no seminário. Apesar de deixar o seu rasto por onde passa e conquistar jovens em qualquer lado, ele não se contenta com as raparigas que servem a mesma família que ele. Pensa mais alto e quer a atenção da senhora para quem trabalha. Será que consegue? Será que sobe realmente na vida? E a que custo? São questões que vamos vendo respondidas ao longo da narrativa.

 

O ritmo de leitura começa por ser bastante rápido e fluido, queremos saber sempre o que Julien fará de seguida. No entanto, começou a tornar-se aborrecido antes de chegar a meio e comecei a deixá-lo de lado. As descrições são imensas e a ação cai drasticamente. Mais perto do fim voltou ao ritmo inicial.

Senti falta de algumas notas de tradução na minha edição, sei por certo que várias referências me passaram ao lado.

 

O nome que o autor escolheu para o livro não foi completamente compreendido. A maioria pensa que o negro é a cor da batina e representa o clero. Quanto ao vermelho, muitos pensam ser a cor dos antigos uniformes militares franceses; outros pensam ser a cor da paixão que move o nosso protagonista.

 

Julien Sorel é sem dúvida uma grande personagem e o melhor do livro. É extremamente bem construído e cheio de camadas que descobrimos a cada nova peripécia. Talento e ambição natos, recorrendo a tanta hipocrisia sobre uns e enganando tantos outros.

 

A escrita do autor é primorosa. Neste livro, é um narrador presente que quase se torna numa personagem, comentado os acontecimentos à medida que estes se vão desenrolando. Conseguiu contruir um personagem extremamente complexo, mas dos melhores que podemos encontrar, com grande mestria.

 

O final é fabuloso. Vale a pena passar por todas as partes aborrecidas e encontrar aquele final. Talvez não seja o que esperámos durante todo o livro, mas ao chegar lá percebemos que não poderia ser de outra forma.

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1 comentário

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De Bárbara Ferreira a 02.11.2017 às 18:41

Quando voltar a Portugal tento acabá-lo... mas duvido vir a dar um 3 sequer :/

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